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Hepatite A A hepatite A é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A, que produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão do vírus é fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados ou diretamente de uma pessoa para outra. Uma pessoa infectada com o vírus pode ou não desenvolver a doença. A hepatite A ocorre em todos os países do mundo, inclusive nos mais desenvolvidos. É mais comum onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. A infecção confere imunidade permanente contra a doença. Desde 1995, estão disponíveis vacinas seguras e eficazes contra a hepatite A, embora ainda de custo elevado. Transmissão: O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus da hepatite A. A infecção pelo vírus da hepatite A, produzindo ou não sintomas, determina imunidade permanente contra a doença. A principal forma de transmissão do vírus é de uma pessoa para outra. A transmissão é comum entre crianças que ainda não tenham aprendido noções de higiene, entre os que residem em mesmo domicílio ou sejam parceiros sexuais de pessoas infectadas. Dez dias depois de uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou não as manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas fezes durante cerca de três semanas. O período de maior risco de transmissão é de uma a duas semanas antes do aparecimento dos sintomas. A transmissão pode ocorrer através da ingestão de água e alimentos contaminados por pessoas infectadas, que não obedecem normas de higiene, como a lavagem das mãos após uso de sanitários. O consumo de frutos do mar, como mariscos crus ou inadequadamente cozidos, está particularmente associado com a transmissão, uma vez que esses organismos concentram o vírus por filtrarem grandes volumes de água contaminada. A transmissão através de transfusões, uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas é pouco comum, ao contrário das infecções pelo HIV e pelo vírus da hepatite B. Riscos: A
infecção pelo vírus da hepatite A ocorre em todos os países do
Mundo. O risco, dependendo da infra-estrutura de saneamento básico, varia
de um país para outro e, dentro do mesmo país, de uma região para
outra. Nos países em desenvolvimento, onde os investimentos em saneamento
básico em geral não constituem prioridade, a infecção é comum em
crianças, e a maioria dos adultos é, conseqüentemente, imune à doença.
Em países desenvolvidos, a hepatite A ocorre episodicamente e, por
esse motivo, grande parte da população adulta é suscetível à infecção.
Esse padrão tende a ser semelhante nas classes socio-economicamente mais
privilegiadas dos países em desenvolvimento, como o Brasil. A
Austrália, o Canadá, a Escandinávia, a Nova Zelândia, o Japão e a
maioria dos países da Europa Ocidental, são áreas de risco
relativamente baixo. Nos Estados Unidos, considerado de risco intermediário,
estima-se que a cada ano ocorram cerca 200 mil casos da infecção. Cerca
de um terço da população americana tem evidência sorológica de ter
sido infectada pelo vírus da hepatite A em alguma época da vida. O
Brasil tem risco elevado para a aquisição de hepatite A, em razão
de condições deficientes ou inexistentes de saneamento básico, nas
quais é obrigada a viver grande parte da população, inclusive nos
grandes centros urbanos. A hepatite A, contudo, não faz parte da Lista
Nacional de Doenças de Notificação Compulsória. Os dados oficiais
disponíveis, portanto, são escassos e incompletos e, provavelmente,
refletem apenas a disponibilidade de recursos para confirmação diagnóstica,
variável em cada Estado e em cada município. Em geral, os casos de hepatite
A são notificados apenas quando são detectados eventuais surtos da
doença. Em 1997 o Ministério da Saúde registrou 808 casos de hepatite
A, a maioria na Região Sul (510 casos). Na Região Sudeste foram
registrados 44 casos, todos no Estado do Rio de Janeiro. Esses dados são
obviamente incompletos. Em 1997, apenas o município do Rio de Janeiro
computava um total de 57 casos de hepatite A, número que passou a
321 em 1999, a maioria entre pessoas com menos de 15 anos. Foram ainda
notificados 6556 casos de hepatite de causa não determinada. Desses, uma
parcela significativa foi provavelmente causada pelo vírus da hepatite
A. Mesmo nos Estados mais desenvolvidos são detectadas epidemias como
a ocorrida em Valença (RJ) em 1993, com 1069 casos. Os
estudos de prevalência no Brasil na população, através de exames sorológicos,
demonstram uma redução dos índices. A prevalência está em torno de
65%, enquanto chega a 81% no México e a 89% na República
Dominicana. Os índices de infecção pelo vírus da hepatite A estão
relacionados à idade e às condições socio-econômicas das populações.
No Brasil, chegam a 95% nas populações mais pobres e a 20% nas populações
de classe média e alta. A diferença é mais acentuada entre crianças e
adolescentes. Nas pessoas com mais de 40 anos de idade, a prevalência da
infecção quase sempre é superior a 90%, refletindo as condições de
risco existentes na infância. Embora o risco de infecção pelo vírus da hepatite A, seja alto em todas as Regiões do país, pode-se presumir que, de modo semelhante às outras doenças de transmissão fecal-oral (hepatite E, cólera), as áreas menos desenvolvidas apresentem risco ainda mais elevado. Também, podem ser consideradas de risco elevado a periferia dos grandes centros urbanos e municípios onde a infra-estrutura de saneamento básico (água e esgotos tratados) seja inexistente ou inadequada. Manifestações: A
infecção pelo vírus da hepatite A pode ou não resultar em doença.
Em cerca de 70% das crianças com menos de seis anos de idade, a infecção
não produz qualquer sintoma. A infecção, causando ou não
sintomas, produz imunidade permanente contra a doença. As
manifestações, quando surgem, podem ocorrer de 15 a 50 dias (30, em média)
após o contato com o vírus da hepatite A (período de incubação).
O início é súbito, em geral com febre baixa, fadiga, mal estar, perda
do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. É
comum a aversão acentuada à fumaça de cigarros. Pode ocorrer diarréia,
mais comum em crianças (60%) do que em adultos (20%). Após alguns dias,
pode surgir icterícia (olhos amarelados) em cerca de 25% das crianças e
60% dos adultos. As fezes podem então ficar amarelo-esbranquiçadas (como
massa de vidraceiro) e a urina de cor castanho-avermelhada. Em geral
quando a pessoa fica ictérica, a febre desaparece, há diminuição dos
sintomas e o risco de transmissão do vírus torna-se mínimo. Em crianças,
a icterícia desaparece em 8 a 11 dias, e nos adultos em 2 a 4 semanas. A
evolução da doença em geral não ultrapassa dois meses. Em cerca de 15%
das pessoas, as manifestações podem persistir de forma discreta por até
seis meses, com eventual reaparecimento dos sintomas. A recuperação é
completa, o vírus é totalmente eliminado do organismo. Não há
desenvolvimento de doença hepática crônica ou estado de portador. A
letalidade da hepatite A, considerando-se todos os casos é cerca
de 0,3%. Em adultos a evolução grave é mais comum, e o número de óbitos
pode chegar a 2% em pessoas com mais de 40 anos. A
confirmação do diagnóstico de hepatite A não tem importância
para tratamento da pessoa doente. No entanto, é fundamental para a
diferenciação com outros tipos de hepatite e para a adoção de medidas
que reduzam o risco de transmissão entre os contactantes. É importante
ainda que seja feita a notificação do caso ao Centro
Municipal de Saúde mais próximo, para que possam ser adotadas
medidas que diminuam o risco de disseminação da doença para a população.
A confirmação é feita através de exames sorológicos.O método mais
utilizado é o ELISA, com pesquisa de anticorpos IgM contra o vírus da hepatite
A no sangue, que indicam infecção recente. Esses anticorpos
geralmente podem ser detectados a partir do quinto dia do início dos
sintomas. A
hepatite A não tem tratamento específico. As medidas terapêuticas
visam reduzir o incômodo dos sintomas. No período inicial da doença
pode ser indicado repouso relativo, e a volta às atividades deve ser
gradual. As bebidas alcoólicas devem ser abolidas. Os alimentos podem ser
ingeridos de acordo com o apetite e a aceitação da pessoa, não havendo
necessidade de dietas. |